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Mostrando postagens de junho, 2014

Em observação, no Mister Pizza

Hoje é terça-feira. São 18h22. Estou no Mister Pizza, no Centro, sentada em uma mesa. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, tudo aceso e silencioso. Uma mulher passa na minha frente. É branca, alta, magra, tem o cabelo castanho, liso, comprido, preso num rabo de cavalo. Veste uma calça preta, blusa branca, blazer preto, e um lenço colorido. Usa uma bolsa preta e sapato social preto, de bico fino. Um homem passa na minha frente. É branco, alto, magro, cabelo castanho, curto. Veste uma calça social preta, blusa social branca, sapato social preto. 

Em observação, na Clínica

Hoje é segunda-feira. São 10h25. Estou na Clínica de Cirurgia da Obesidade Mórbida, em Botafogo, aguardando a consulta. Estou sentada na recepção. Ao meu lado direito, a porta de entrada da clínica. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma senhora sentada, lendo. Ela é mulata, alta, um pouco acima do peso, tem o cabelo curto, castanho, e usa óculos. Veste calça preta, sapatilha branca e preta, e blusa de manga, azul. Lê um texto, na sua mão. Uma senhora passa na minha frente e sai. A senhora ao meu lado esquerdo mexe na bolsa. Uma senhora entra e passa na minha frente. A senhora ao meu lado esquerdo mexe em alguns papéis, no seu colo. O nome dela é Ana(*). - 3402. E-mail ta aí: ana_____ @yahoo.com.br Ana(*)  tosse. Continua mexendo nos papéis. Ela levanta, ajeita a blusa, fica de pé, no balcão. Senta novamente. Ajeita os papéis, e guarda-os. Ajeita a bolsa. Ajeita a roupa. Um senhor passa na minha frente e pára a

Em observação, no Espaço da Mulher - 7

Hoje é quinta-feira. São 8h25. Estou no Espaço da Mulher, fazendo plantão. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado esquerdo, uma mesa com uma TV em cima. Na minha frente, duas cadeiras vazias. Por aqui, tudo aceso e silencioso. 

Em observação, no Sérgio Franco - 3

Hoje é quarta-feira. São 7h47. Estou no Laboratório Sérgio Franco, sentada no guichê um, sendo atendida. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia, com minha chave em cima. Na minha frente, a baia do guichê. Ao meu lado esquerdo, a atendente. Ela é branca, magra, baixa, cabelo liso, loiro, preso num coque. Veste um uniforme do local (saia azul marinho, blusa verde, blazer verde e sapato azul marinho). Está digitando no computador, séria e silenciosa. Ela lê algo no pedido médico, ainda séria e silenciosa. Volta a digitar no computador. - Tá usando alguma medicação? Peso e altura. Volta a digitar no computador, séria e silenciosa. - Só o anticoncepcional? Ela faz que sim com a cabeça e volta a digitar no computador, séria e silenciosa. - Tem um exame aqui, este de Vitamina E, que este a Unimed não cobre, tá? Ela mexe nos pedidos médicos e escreve algumas coisas neles, ainda séria e silenciosa. Volta a digitar no computador. Coça a cabeça. Pega os pedidos médico

Em observação, no Bob's

Hoje é terça-feira. São 17h07. Estou sentada em uma mesa do Bob’s, no Shopping Edifício Avenida Central, no Largo da Carioca. Ao meu lado esquerdo, vidro. Na minha frente, uma cadeira vazia. Ao meu lado direito, um pequeno corredor, onde as pessoas passam, para lá e para cá. Um homem passa. Um homem passa, bebendo algo num copo do Bob’s. Um homem passa. Duas mulheres passam. Ambas uniformizadas do Bob’s. Um homem passa, uniformizado do Bob’s. Um homem passa, uniformizado do Bob’s e carregando duas bandejas, também do Bob’s. Dois homens passam, carregando bandejas do Bob’s, com lanches em cima. Um homem passa, uniformizado do Bob’s. Um homem passa. Uma mulher passa. Duas mulheres passam. Ambas uniformizadas do Bob’s. Uma mulher passa. Carrega uma bolsa, uma sacola plástica. Um homem passa, uniformizado do Bob’s. Um homem passa, carregando uma mochila preta, uma bandeja do Bob’s, com lanche em cima, e um copo plástico, tamb

Em observação, no táxi - 4

Hoje é segunda-feira, são 10h05. Estou no táxi do Sr. Francis, indo para casa (saindo de Nova Iguaçu), com meu pai. Estou sentada atrás, sozinha. Na minha frente, o Sr. Francis dirige o carro. É mulato, alto, forte. Veste uma blusa social verde e um boné azul, de jeans. - A mim também. E eu não conheço nada aqui. Sr. Francis ri. - Coitado. Ligar o ar. Precisa ligar o ar não? É... Sr. Francis coloca o cotovelo na janela aberta ao seu lado. Continua dirigindo. - Já sabe o mês? Já sabe quando vai? É. É... verdade... e ninguém tá tão empolgado pra vir pro Brasil. - Não, pai. Eu renovei. Renovei. É. - Sem o hábito de dirigir. Consulado cada vez mais enrolado. - Você que sabe, pai. Tá bom. - Pô... Vamos por onde? Vamos pela Brasil. Nem sempre. Geralmente, ali no Caju. A gente pode andar pela seletiva que facilita. Sr. Francis mexe no boné, na cabeça. Tira e põe o boné em seguida. Continua dirigindo. - É. Vai fluir bem. Vai fluir bem.

Enteada

Hoje era dia das mães. Fui almoçar-jantar às 18h40, com o namorado, no Shopping Botafogo. Um fast-food novo, que muito nos agradou. No caixa, escolhendo o pedido, a pergunta: - Você é mãe? Levei longos dois segundos para responder: - Não. Sou madrasta.  Não gostei do termo "madrasta", em que o "má" antecede o "drasta".  - Ah, eu também... Bom, mas vou dar um presentinho pra senhora. E me deu um chocolate, envolvido em um cartão fofo. Se a minha enteada - que é a pessoa que me permite ser "madrasta" - estivesse comigo, talvez eu não respondesse o que respondi: "sou madrasta". Talvez eu sorrisse para a caixa do fast-food, e daria um abraço na pequena Hanna, e daria a elas o meu silêncio. E o meu afeto. E a Hanna, essa sim, saberia que ela não tem uma madrasta; mas uma amiga fiel que a ama. E que vai amá-la, todos os dias. No dia das mães, na Páscoa, no Natal, no ano-novo. E até naquela segunda-

Em observação, no Psicologia e Coaching - 5

Hoje é sexta-feira. São 10h26. Estou no consultório “Psicologia e Coaching”, esperando o paciente de 10h. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um móvel com minha mochila em cima. Na minha frente, duas cadeiras vazias. Por aqui, tudo aceso e silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado ligado. O celular bipa. Whatsapp do André. Whatsapp da paciente. Volto a ficar no silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado ligado.

Em observação, no Psicologia e Coaching - 4

Hoje é quinta-feira. São 17h40. Estou no consultório “Psicologia e Coaching”, sentada na minha mesa. Na minha frente, três cadeiras vazias. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um pequeno móvel com duas pranchetas e um tênis em cima. Por aqui, tudo aceso e silencioso. 

Em observação, no Levitate - 2

Hoje é quarta-feira. São 11h04. Estou no Levitate Spa, sentada na recepção. Ao meu lado esquerdo, a porta de vidro de entrada do SPA. Ao meu lado direito, parte do sofá vazio. Na minha frente, uma cadeira, também vazia. Atrás do balcão, a recepcionista permanece silenciosa. Não consigo vê-la, pois o balcão é alto.

Em observação, no Psicologia e Coaching - 3

Hoje é terça-feira. São 14h58. Estou no consultório Psicologia e Coaching. Estou sentada na minha mesa. Na minha frente, três cadeiras vazias. Ao meu lado esquerdo, um pequeno móvel com minha bolsa em cima. Ao meu lado direito, parede. Por aqui, tudo aceso e silencioso. O netbook bipa. Mensagem do André no facebook. Volta a ficar tudo silencioso.

Em observação, na Polícia Federal - 2

Hoje é segunda-feira. São 9h07. Estou na Polícia Federal de Nova Iguaçu, sentada na recepção, esperando o atendimento. Ao meu lado direito, um muro. Na minha frente, pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma moça está sentada. É mulata, magra. Veste calça jeans, blusa branca, tênis bege e uma bolsa bege no colo. Tem o cabelo comprido, lido, preso num rabo de cavalo. Fala no celular. - Não entendi. Tá bom. Vou pensar, se eu não tiver que trabalho hoje à noite, eu vou começar um cabelo hoje à noite e terminar amanhã. Tá, eu te ligo. Beijinho, tchau. Ela desliga o celular. O celular toca. Ela está sentada, de pernas cruzadas. Fala com o rapaz ao seu lado direito. Mexe no celular, no seu colo. - Documento. Uhum. Marquei. Oito e quarenta e cinco. Não. Eu cheguei uns cinco minutos atrasada. E tinha um senhor aqui. Um documento. A certidão de... Não. Não tem. Então, é aquele. Eu não trouxe, eu não sei aonde está. Ela levanta-se. Ao meu lado esquerdo, agora, está vazio

Sandra - segundo ano

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Foi aniversário dela ano passado. Todos os anos é aniversário de todo mundo, oras. No ano passado teve este aqui:  "Sandra" .  No aniversário deste ano, tudo mudou. Pessoas saíram da nossa vida. Pessoas entraram na vida dela. Na minha. Na nossa.  E, o saldo tem sido muito positivo. Dia 08 de setembro do ano passado tudo mudou. Dia 04 de maio do ano passado tudo mudou. Tudo muda - para Sandra e para mim - todos os dias. E o que eu posso dizer dessa mulher? Ela pode ser pequetitita, mas no tamanho, só. É um mulherão gigante. Se você não consegue perceber o gigantismo dela, lamento, você está perdendo. É uma mulher forte, mas sem perder a doçura, o encanto, o olhar feliz, apesar de tudo, de todos. É uma mulher amorosa, querida, que tem um dos melhores sorrisos. Um dos melhores abraços. Eu quero dizer que eu aprendo - diariamente - com esta ser humana. Ela sabe. Mas vocês precisam saber, também: eu aprendo, diariamente, com esta

Em observação, no Psicologia e Coaching - 2

Hoje é sexta-feira. São 09h37. Estou no consultório “Psicologia e Coaching”, aguardando o paciente de 10h. Estou sentada na minha mesa. Na minha frente, três cadeiras vazias. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um pequeno móvel com duas pranchetas em cima. Por aqui, tudo aceso e silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado ligado. O celular toca. - Luana, bom dia. Bom dia. Qual é a vaga do seu interesse? Tá aberta ainda, mas a gente não está marcando mais entrevista. Pra você se candidatar você pode ligar na segunda feira ou mandar seu currículo por e-mail. Tá bom então. Por nada. Tchau. Desligo. Volto a ficar com tudo silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado ligado. O netbook bipa. E-mail que chegou. Volto a ficar com tudo silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado ligado.

Em observação, no Espaço da Mulher - 6

Hoje é quinta-feira. São 07h57. Estou no Espaço da Mulher, sentada em uma mesa, sozinha. Por aqui, tudo aceso e silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado. A Zezé vem aqui, abro a porta pra ela. - Eu atendo de 8h15 às 9h15 e depois de 11h às 12h. O melhor seria ele vir após às 12h. É. Zezé está lá atrás, ao telefone. Ela passa por mim e vai embora. - Não consegue não? Tá bom. Obrigada, Zezé. Vai com Deus. Beijo. Volto a ficar sozinha, com tudo aceso e silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado.

Sobre o dia dos namorados

Estávamos, no shopping, com a pequena. - Despista ela. Vou lá voltar na loja, comprar o bicho de pelúcia que ela gostou. - Mas é caro... - Despista ela, por favor? - Ok. - Crianças, eu vou ao banheiro. Vão passear, ok? [Dez minutos depois, já com a pelúcia da pequena em mãos...] - Meu pai estava procurando seu presente. - De dia dos namorados? - Sim. - O que é? Eles se olharam. A filha e o pai. Um segundo se passou. - Um vestido. - Que cor? - Vermelho. - De bolinhas brancas. - Não. Bolinhas não. - Não, não tem bolinhas. - E é vermelho? - Pode ser. - Pode ser ou É, pequena? - Não sei. - Olha, eu te dou uma macaca de pelúcia linda, fofa, amada, e você me sacaneia desse jeito? Na terça-feira, eles se falaram de novo. O pai da pequena e a namorada. - Só cheguei em casa agora. Fui ajudar ao amigo comprar o presente da mulher dele. - É mesmo? Que legal. Que vocês compraram? - Flores e chocolates. Ela gosta. - Lindo. - M

Em observação, n'As Claras - 2

Hoje é quarta-feira. São 10h52. Estou n’As Claras, no Shopping Itanhangá. Estou sentada em uma mesa. Ao meu lado esquerdo, plantas. Na minha frente, uma cadeira vazia. Ao meu lado direito, um pequeno corredor onde as pessoas passam. O celular bipa. Whatsapp do André. Um homem passa. É branco, alto, magro, cabelo castanho, curto. Veste uma calça jeans, um casaco vermelho. Dois homens passam. O celular bipa. Whatsapp do André. Uma mulher passa. É mulata, magra, baixa, cabelo preto, encaracolado, preso num rabo de cavalo. Veste calça social preta, blusa social azul e sapato social preto. O celular bipa. Whatsapp do André. Um homem passa. Um casal passa, conversando. - A possibilidade dela levantar e fazer as coisas é zero, né?

Em observação, no táxi - 3

Hoje é segunda-feira, são 8h25. Estou no táxi do Sr. Francis, indo para Nova Iguaçu, com meu pai. Estou sentada atrás, sozinha. Na minha frente, o Sr. Francis dirige o carro. É mulato, alto, forte. Veste uma blusa social verde e um boné azul, de jeans. - Do menino, né? Sr.Francis ri. - É? Nova? Nova a moto? - Não, pai. - Bom... Ia dar até prazer de trabalhar... Verdade... Uhum. Hum. O seu é da Citroen, né? O seu é da Citroen? Ah, Vectra. Hum. Ele disse? Hum. É. Aí ele fez recusa? Aí ele fez recusa? - Eu gostaria mesmo. Viajar com meu namorado. - Já vai pensar duas vezes, né? Sr. Francis ri. - Veio, na Transcarioca, pra inaugurar? É. Por ela eu não tenho simpatia nenhuma. Ela não é nada simpática. É. Não tem carisma. É bom que é tudo pertinho, né? Isso a gente gasta pra chegarem Vitória aqui. Antigão. Pra vim, né? Pra vim. Ah é. Galeão é um atrás do outro. Ia virar primeiro mundo, rapidinho. Ah, fez a clonagem ali, né? Que tem no nordeste